sexta-feira, 24 de agosto de 2012
CHULA
PRIMORDIOS E DECANDÊNCIA -
Mundo Novo cidade localizada a 300 km da cidade de Salvador, uma população de aproximadamente 24.000 habitantes, abriga uma cultura popular em varias localizadas. Aqui em Mundo Novo tornou-se algo elementar, que o samba–de–roda, popularmente conhecido como chula.
A chula é considerada como um grande movimento cultural no nosso município iniciou-se aproximadamente nas décadas de 50 a 60.
Os grupos de músicos iam às fazendas, de casa em casa. Os sambadores começavam a se reunir desde o mês de novembro, arrecadando donativos para o grande festejo no dia 06 de janeiro, o dia de reis. Os donativos ganham eram utilizados para a alimentação do povo que acompanhava o grupo dos sambadores.
Os instrumentos utilizados são: pandeiro, pato esmaltado e colher, cavaquinho, violam e palmas cortadas. A chula é um tipo de poesia cantada por um solista do sexo masculino, além do cantador há outros componentes que tocam os instrumentos citados acima.
O samba de roda é uma mistura de musica, poesia e dança que formam a chula, que tem uma grande importância histórica em nosso município.
“Embora tenha o mesmo nome, o samba de roda de Mundo Novo é bem diferente do samba de roda do Recôncavo Baiano, o qual é praticado na beira da praia e possui raízes africanas. O de Mundo Novo é de origem portuguesa. Foi trazido da Península Ibérica por imigrantes portugueses e se desenvolveu no sertão baiano, em municípios da chapada Diamantina, Ruy Barbosa, Ipirá e outros”.(PREIRA, Waldemar Santos. Pág. 105)
Em Mundo Novo existem 06 grupos de sambadores dentre eles podemos citar: 1º grupo da fazenda Canabrava, Covão liderado por Dominguinhos. Grupo do Santo Antônio liderado por Juquinha e seus irmãos que eram treze. Grupo do Cobé liderado por Modesto, fios e amigos. Grupo de Sambadores do Andaraí, distante do Cobé 24 Km, com outro estilo de cantoria. Grupo de Mundo Novo, formado por moradores dos bairros de Capanga Suja, Sapé e Floresta. Os grupos de Reizados no nosso município hoje não existem mais.
Nos dias atuais a Chula, vem sobrevivendo com muita dificuldade pois, a maioria dos seus fundadores (criadores) já faleceram e, a população em sua maioria não dão a devida importância a esta cultura, restando poucos representantes que tentam reviver esta cultura que está identificada em nossa região local.
Outro ponto favorável para a decadência da Chula é a do capital, antigamente as pessoas que participavam desse movimento cultural, praticavam por gosto sem interesse lucrativo, o que não é a realidade dos dias atuais, os representantes visam lucrar com a disseminação desta cultura tão popular.
Diante desse subterfúgio ainda existe alguns representantes desta cultura, os quais podem citar nas pessoas de Waldemar Santos Pedreira (Dé Pedreira), Guto Trindade e Sapatão dentre outros que, tentam reviver essa cultura que é tão rica e, tão esquecida no nosso município. Uma dessas tentativas de resgate dessa cultura foi à criação da Associação de Sambadores e disseminação desta cultura através do livro de Waldemar Santos Pedreira – “Itinerário de um Sertanejo”.
"Pra mim, mamãe era santa (Béu de Modesto)
Pra mim mamãe era santa
Que me zelava demais
Papai às vez me batia
Chega ficava uns sinais
Mamãe dizia meu filho
Em lugar ruim não se vai
Eu te falo com franqueza
Eu tenho a maior certeza
Tu vai sê um bom rapaz
Mamãe saia pra roça
Quando chegava cansada
Começava nova lida
Por que não tinha empregada
Nóis era catorze filho
Era uma turma danada
De mamãe eu tinha dó
Tinha que botá no sol
Treze coberta molhada
Tem muitos filho no mundo
Qui não sabe compreendê
Não respeita pai e mãe
A razão do seu vivê
Quantas vez a sua mãe
Vai trabalhá sem pudê
É isso que me consome
Às vezes passano fome
Pra lhe dá o qui cumê
Amô de mãe não se compra
Ele vem lá do além
Mamãe é coisa finíssima
Quando tu chama ela vem
Ainda estando ocupada
Não despreza o fi que tem
Eu quero te avisar
Que você só vai chorá
Quando tu fô mãe também."
"As heranças medievalistas se propagam até os dias atuais, os grupos de reizados viajavam pela região, durante as feiras existiam os grupos como: trovadores, (músicos) e saltimbancos (artistas de rua), onde se apresentavam nas feiras medievais, na atualidade existem os grupos de reizados que também são atrações artísticas nas varias feiras das cidades ondem passam , assemelhando assim aos trovadores."
Referências Bibliográficas
PEDREIRA, Waldemar Santos.
Itinerário de um Sertanejo
Natal, (RN) : Una, 2008
136 p. il
Disponível em http://www.mundonovoba.com.br/chula/
19/08/2012 ás 11 h e 33 min.
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirGostei muito dos conteúdos aqui abordados!Importante para nós mundonovenses reconhecer em nossa cultura heranças medievais.
ResponderExcluirOlá.. Tudo bem?
ResponderExcluirEu me chamo Andrea Oliveira Mendes, estou pesquisando sobre os meus antepassados ..dou bisneta de Maria Pedreira Macedo..eu gostaria de mais informações sobre os pais da minha bisavó.
Dé Pedreira era meu primo de terceiro grau.
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